01/05/2010

Quando se fala em viajar para o Rio Grande do Sul, a maioria das pessoas pensa logo em Gramado. Que a cidade é belíssima e que vale a pena conhecê-la é verdade, mas o Rio Grande do Sul tem muitos outros atrativos tão belos e interessantes como a cidade conhecida pelos chocolates caseiros. Para quem não conhece um verdadeiro inverno o ideal é aproveitar os meses de julho até no máximo setembro, arrumar as malas – sem se esquecer, claro, de luvas, botas, gorros, casacos quentes e fofinhos – e conhecer o Rio Grande do Sul. Várias agências oferecem pacotes que incluem pontos turísticos, mas o ideal mesmo é percorrer a região de carro e conhecer de perto o que os pampas têm a oferecer. Veja a seguir um roteiro do passeio:

Porto Alegre
O passeio pode começar por Porto Alegre. Dois dias na capital gaúcha são suficientes para conhecer um pouco o local. A cidade é indicada para quem admira arte e gosta de programas culturais, principalmente no centro de Poa. Pare o carro em um dos estacionamentos próximos ao antigo porto do Rio Guaíba e saia a pé. Caminhe pelas ruas do centro, mas sempre olhando para cima para admirar os prédios de arquitetura antiga. É de encher os olhos.

Museus também há aos montes. Apenas na Praça da Alfândega são três, e os mais conhecidos são o Memorial do Rio Grande do Sul e o Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagol (Margs). O Memorial está instalado em um prédio histórico, tombado em 1980, onde antigamente funcionava a agência central dos Correios e Telégrafos. Através de mapas, gravuras, fotos e livros, o local conta um pouco da história e dos principais personagens do Rio Grande do Sul.

Já o Margs é um dos museus mais importantes do Brasil e está em um prédio que foi construído para ser a sede da Delegacia Fiscal da Fazenda do Estado. As obras de construção começaram em 1913 e terminaram um ano depois. Mas o prédio só passou a ser usado como museu em 1978 e foi tombado pelo Iphan. A entrada é bela e imponente e toda a construção é rica em detalhes e diversos materiais misturando os estilos neoclássico e barroco e contando com sete espaços para exposições.

Outro local que não pode deixar de ser visitado é a Fundação Iberê Camargo, que fica às margens do Lago Guaíba. A fundação foi criada em 1995 pela viúva do pintor gaúcho Iberê Camargo, que morreu em 1994. A nova sede, localizada no Bairro Cristal, foi inaugurada em maio de 2008. O prédio, uma construção moderna, tem três andares, onde, além das obras de Iberê, frequentemente são realizadas exposições de outros artistas nacionalmente conhecidos.

A charmosa Casa de Cultura Mário Quintana em hipótese alguma pode ficar de fora do passeio. O prédio onde funcionava o Hotel Majestic fica no centro de Porto Alegre e foi transformado em patrimônio cultural por ter sido um dos locais onde Mário Quintana morou. Visite o local, vá em todos os andares, admire as exposições de arte e tome um bom café na cafeteria que funciona no térreo.

Uma opção para um almoço é o Mercado Central, que oferece desde restaurantes a la carte até por quilo. Para quem gosta de apreciar cachaças tem uma loja que vende pingas de quase todos os Estados. Para os amantes de doces, a parada na loja que vende os famosos doces da cidade de Pelotas tem de fazer parte do roteiro.

Para finalizar o passeio na capital gaúcha não deixe de ir até à Usina do Gasômetro e observar o Guaíba. Vale a pena também conhecer o Estádio Beira Rio, do Internacional.

Carlos barbosa
Pela rodovia que vai para a Serra Gaúcha siga as placas para a cidade de Carlos Barbosa, mas, quando avistar a entrada de São Vendelino, entre na cidade de colonização alemã, dê uma volta pelas ruas e não deixe de conhecer a Chopperia Quiosque. Continue a viagem indo para Carlos Barbosa, mas, antes de chegar lá, observe ao lado esquerdo da RS-446, km 15, um antigo moinho de farinha de milho que é patrimônio histórico do Estado e que está passando por um projeto de restauração para tentar recuperar as características originais.

O moinho foi construído em 1887 pelo imigrante italiano Santo Davide Tieppo e, graças ao restauro, a roda ainda funciona movida pela força da água. O moinho faz parte da rota turística do leite e do queijo.

Chegando a Carlos Barbosa, dê uma volta pelo centro da cidade. Visite a antiga Estação Ferroviária, onde hoje funciona um cinema. A igreja também vale a visita. No inverno aproveite para tomar um bom chocolate quente no Café Brasil ou na Lancheria Original e coma tudo o que tiver direito. Em se tratando do Sul, massas folhadas, grostoli, cuca, bolachas caseiras, tortas, além dos queijos, salames, natas e copas, já que Barbosa é conhecida pela qualidade dos embutidos e realiza todos os anos em julho a Festiqueijo.

Depois de passar o dia em Barbosa, o ideal é aproveitar para jantar no Restaurante Alambique. Mas chegue bem cedo ou tente reservar uma mesa, principalmente nos finais de semana. Comida gostosa e barata. Não deixe de experimentar o bauru, e não estamos falando do típico sanduíche de queijo, presunto e tomate, mas de um filé suculento com queijo, presunto, tomate, palmito e molho de ervas.

Outra dica importantíssima para quem gosta de embutidos: vá até a Cooperativa Santa Clara e compre tudo o que puder carregar dos queijos, salames e copas fabricados por eles. Você não vai se arrepender. Além de muito saborosos, o preço é mais acessível. Mais informações: www.carlosbarbosa.rs.gov.br

Garibaldi
Giuseppe Garibaldi foi um guerrilheiro italiano que participou e teve importância na Guerra dos Farrapos conhecida como Revolução Farroupilha. O personagem deu nome à cidade que fica a cinco quilômetros de Carlos Barbosa e é conhecida como a terra dos espumantes. Hoje a cidade conta com sete vinícolas onde os visitantes podem experimentar os espumantes brasileiros fabricados por processos como o charmat e o champenoise, além de conhecer todo o processo de fabricação, começando pelos parreirais. Geralmente a visita às vinícolas é realizada todos os dias, mas em algumas é preciso marcar horário. A relação das vinícolas você encontra no site da cidade: www.garibaldi.rs.gov.br. Para quem gosta de balada, procure o Bar do Joe – que está mais para um pub. O local oferece música ao vivo para os mais jovens e para as pessoas mais velhas uma champanharia. O melhor dia é quinta-feira.

Bento Gonçalves
A cidade de mais de 100 mil habitantes é uma das maiores da Serra Gaúcha e está entre as dez maiores economias do Rio Grande do Sul, devido ao polo moveleiro. O município ficou nacionalmente famoso porque nele se encontra o famoso Vale dos Vinhedos. São mais de 50 quilômetros que concentram 31 vinícolas, 4 queijarias, além de lojas de artesanato, restaurantes, pousadas, antiquários e o Memorial do Vinho.

Nas vinícolas é possível conhecer todo o processo de fabricação dos vinhos e finalizar a visita com uma degustação. As vinícolas maiores e mais conhecidas como a Miolo e a Casa Valduga geralmente cobram uma taxa para o passeio e é preciso marcar horário. Vale a pena conhecer uma delas. Já as menores costumam não cobrar pela visita nem pela degustação.

Em Bento Gonçalves é possível fazer um dos passeios mais bonitos da região, na Maria Fumaça. O passeio de trem sai da antiga estação de Bento, onde os turistas são recebidos com música italiana e muito vinho. Vai até Garibaldi, onde, em mais uma parada, é possível degustar espumante e suco de uva e escutar música gauchesca, e termina na estação de Carlos Barbosa, onde vários ônibus aguardam os turistas para levá-los de volta a Bento Gonçalves. O passeio dura em média 2 horas para percorrer 23 quilômetros e tem ainda apresentação do Coral de Imigrantes, músicas italianas como as tarantelas, música do Sul e ainda um teatro sobre a colonização italiana.

As locomotivas do passeio são movidas a lenha. São seis carros, sendo que o primeiro ainda é original e serviu como cenário para o filme O Quatrilho. De volta a Bento, o passeio ainda inclui uma visita ao Parque Temático Epopeia Italiana, onde os turistas conhecem de perto o processo da chegada dos italianos à Serra Gaúcha até a fundação de Bento Gonçalves.

O passeio de Maria Fumaça geralmente é realizado nas quartas-feiras e aos sábados, mas dependendo da demanda pode ocorrer em outros dias da semana também. Mas como é muito procurado, o ideal é ligar e agendar. O valor depende da época do ano. Em alta temporada, R$ 52 por pessoa e, na baixa, R$ 47. Neste valor também está incluído o passeio a Epopeia. Telefone para informações: (54) 3455-2788.

Farroupilha
Para visitar Farroupilha, prepare o bolso. A cidade é conhecida como a capital nacional da malha. São fábricas e lojas que vendem roupas de malha e de linha. Outro passeio indicado para casais ou para quem gosta de esportes radicais é no parque do Salto Ventoso, a 12 quilômetros de Farroupilha. O local tem uma cachoeira de 55 metros que cai sobre uma caverna de 200 metros de comprimento e 25 metros de altura. O Salto ficou conhecido nacionalmente também por conta do filme O Quatrilho, na cena em que os Patrícia Pillar e Bruno Campos se beijam atrás da queda d`água. Como o acesso é fácil, quem quiser pode tentar repetir a cena. Vários grupos também procuram o local para fazer escalada nas rochas próximas às cachoeiras.

Fonte: O Popular - Roberta Giacomoni