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Dicionário alternativo - Gírias

Dicionário alternativo - Gírias

Gírias continuam sendo uma forma de jovens tentarem se diferenciar das gerações anteriores.

Veja quais são as usadas atualmente pela moçada

Rodrigo Alves Primeiro ele chama o vizinho chato de maculelê, entra para o quarto a fim de escutar a música irada do grupo de rock para o qual paga pau. Quando é chamado para almoçar, diz que não quer porque mais cedo encontrou alguns trutas e comeu algo, apesar do lugar onde fica o point ser um cuvioco.

Se você não entendeu nada, é porque não está ligado nas gírias faladas pelos jovens hoje. As gírias sempre foram para o jovens uma maneira de se diferenciar das gerações anteriores, se integrar ao grupo e definir a que tribo pertencem. A gente nem percebe que está falando, explica João Pedro Leonardo Felipe, de 18 anos. Ele afirma que fica bem grilado quando alguém o corrige. Ninguém gosta de ser corrigido, mesmo quando não está falando certinho”, reclama.

João Pedro concorda que falar gírias é característica principalmente de jovens, apesar de observar que até hoje muitas pessoas mais velhas mantêm gírias antigas no vocabulário. Tem muito a ver com a convivência e do grupo de que você participa. Dá para ver que tem gente da minha idade que fala tudo certinho também. Isso porque fazem parte de uma tribo que gosta de falar certinho, como os mauricinhos, exemplifica. Não tem só a ver só com a idade, completa.

Apesar da segurança em dizer que não se importa em ser malvisto, João Pedro reconhece que há ocasiões em que é preciso não usar tantas gírias. “Em entrevista de emprego, por exemplo, é queimação de filme. Já tive alguns problemas com isso. Como a gente usa sempre, às vezes fica difícil de segurar e escapa uma ou outra na hora da conversa”, confidencia.

Por tribos

Certa vez a tia da estudante Catharina Heringer, 18 anos, não entendeu quando a sobrinha lhe chamou de “maculelê”. Devidamente informada sobre o sentido da palavra, a tia sorriu e deu de ombros. Por fim, de forma bem-humorada, incorporou o termo ao vocabulário também. “Essa gíria, que define uma pessoa que tem um estilo largado tipo hippie e gosta de MPB, na verdade veio da turma que pratica capoeira”, contextualiza a jovem.

Catharina relata que entre seu grupo de amigos mais íntimos e no curso pré-vestibular onde estuda não é raro que alguém que fale gírias seja alvo de brincadeiras. “Você percebe que esses dois ambientes são diferentes”, diz. Não à toa, ela quase não usa. “Não acho que é apropriado”, justifica. “Não tenho preconceito.

Acho até legal falar gírias no grupo em que você faz parte. Mas quando você sai dele tem de saber falar e se comunicar”, opina. Isso não impede, observa ela, que vez ou outra acabe incorporando um desses verbetes ao dicionário pessoal. “Como circulo por várias tribos acabei conhecendo algumas expressões bem específicas, que muita gente não tem noção do que significa”, conta. “Você sabe o que é dar uma elza?”, pergunta ela, citando um exemplo. O termo, que faz parte do vocabulário da turma GLS, significa furtar.

Fonte - O Popular - Rodrigo Alves

 

 
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