Mundo Mulher

Bancos lucram mais, e economia dos EUA ‘para de piorar’

Bancos lucram mais, e economia dos EUA ‘para de piorar’

 

19/07/2009

Quatro grandes bancos norte-americanos divulgaram resultados trimestrais esta semana


Vieram dos bancos dos Estados Unidos as melhores notícias para a economia mundial da última semana.

Ainda em meio à crise, as instituições financeiras deram sinais de recuperação: dos quatro grandes bancos que divulgaram seus balanços do segundo trimestre deste ano, três mostraram resultados melhores na comparação com um ano antes.

O maior destaque foi o Citigroup: depois de registrar perdas de US$ 2,5 bilhões no segundo trimestre do ano passado, o banco divulgou um lucro de US$ 4,3 bilhões entre abril e junho deste ano – ainda que impulsionado pela venda do Smith Barney. E o Bank of America, mesmo com lucro menor, superou a previsão dos analistas.


Nas bolsas de valores, os resultados foram recebidos como indicações de que o “fundo do poço” está ficando para trás e de que a recuperação econômica já dá seus primeiros passos – ajudando os principais indicadores a encerrarem a semana com altas expressivas.

Nos EUA, o índice Dow Jones, referência da bolsa de Nova York, acumulou alta de 7,3% na semana. Na Bovespa, a valorização ficou em 5,79% no período.

“A situação parou de piorar. Chegamos a um ponto de inflexão da crise, onde começa a mudar a tendência. A coisa vinha degringolando, e esse quadro começa a se reverter”, diz José Eduardo Balian, economista da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

Os bancos foram o “epicentro” da crise econômica que ameaça encolher a economia mundial em 1,9% este ano, segundo previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI). Em setembro do ano passado, a quebra do Lehman Brothers, que havia registrado perdas bilionárias, acelerou a crise que levou os bancos do país a perderem 71% de seu valor de mercado em 12 meses.

“Eles (os bancos) foram os heróis do crescimento e os vilões da crise. Eu diria que são os atores principais”, diz o economista Roberto Troster, do Conselho Regional de Economia (Corecon).

Perdas

Só no último trimestre de 2008, o setor bancário do país como um todo registrou prejuízo de US$ 26,2 bilhões, marcando a primeira vez que o setor fracassou em obter lucro desde 1990, de acordo com dados da Corporação Federal de Seguros de Depósitos (FDIC).

Ricardo Rocha, professor de economia do Insper (ex-Ibmec São Paulo) explica que a inadimplência das hipotecas nos EUA fez com que os bancos provisionassem, em trimestres anteriores, grandes quantidades de recursos – ou seja, que “separassem” o dinheiro à espera das possíveis faltas de pagamento, prejudicando seus balanços.

“Agora, os bancos passaram a ser mais seletivos na hora de conceder crédito, e muitas provisões feitas no passado podem estar se revertendo, quer dizer, uma parte dos clientes que estavam inadimplentes estão pagando, e os bancos tomaram medidas para limpar seus balanços. No primeiro momento, foi melhor achar que tudo ia dar errado. Agora o mal parece que foi extirpado”, diz Rocha.

'Uma andorinha só não faz verão'

Os resultados do segundo trimestre são boas notícias, mas os economistas mantêm a cautela.

“Tudo indica que estão em vias de recuperação. Mas quão forte, quão consistente é isso, não sei. Uma andorinha só não faz verão. Seria preciso mais um, dois trimestres de recuperação para garantir isso. Dá pra inferir que está ‘despiorando’, mas não quer dizer que tudo já acabou.”, avalia Troster.

“O balanço do banco numa situação de economia de mercado reflete se a economia vai indo bem ou vai indo mal. E a princípio não tem mais más notícias para vir dos bancos. Tudo indica que os problemas passados já são conhecidos, e parte deles já está solucionada. Mas a gente vai afirmar isso com certeza em mais uns dois trimestres”, concorda o professor do Insper. “Mas acho que o mundo da crise do subprime ficou para trás”.

Goiasnet.com/G1

Mundo Mulher
Mundo Mulher
Mundo Mulher
box_veja